Minha Querida Poesia

E agora a menina tem cabelos vermelho-sangue. Ela gosta do Cazuza, dá para notar apenas pelo jeito exagerado como leva a vida. Bolsa estampada de flores, ela carrega um livro da Clarice consigo. O piercing na orelha reflete a luz do sol. All Star nos pés,  rabiscados 7por sua ideologia e as meias coloridas são sua marca registrada. Seus olhos exalam literatura, seus pulmões expiram a arte que habita em seu interior.

Ele é a parte bonita da vida. Ele é uma mistura de sexta à noite e sábado de manhã. Ele me conta histórias. Ele me faz sorrir. Ele tem cachinhos. Ele é música boa, literatura, arte. Ele é minha parte favorita de mim. Ele me mostrou que embora a tristeza exista, não pode prevalecer. Ele gosta dos meus defeitos. Ele tem uma cicatriz no joelho por causa da prancha. Ele me chama de nomes bregas. Ele gosta das minhas ideias malucas. Ele gosta de mim. E eu gosto dele. É nele que penso quando toca "exagerado".  - Estou apaixonada 

Madrugada em claro Boletim vermelho Não quero continuar  - Continuo.

Estava linda e perfumada  A música tocava alto enquanto todos dançavam  Celular vibra no bolso, era ele. A notícia indesejada  Sentimento ruim, suor e  lágrimas.  A maquiagem já não está mais intacta  Rímel escorre pela bochecha Mãos tremem Mundo gira. Sinto que estou prestes a desabar De repente, ouço: O som de um coração partindo-se em pedaços.  - Era o meu.  

Quando a gente é pequeno, gosta de pular onda, catar conchinha, rolar na areia, construir piscina e castelo à beira mar.  Nossos pais, sentados naquelas cadeiras amarelas ou vermelhas debaixo dos coqueiros, gritam para que não fiquemos muito longe, mas quase nunca obedecemos.  Não tem problema, afinal Vinicius é o primo mais velho e pode cuidar de nós. Jogamos água para cima e até mesmo, uns nos outros, esperando o momento exato em que titio vai gritar: "a batata frita chegou!".  Nos enrolamos nas toalhas e comemos rapidamente, embora esteja quente.  Se dermos sorte, o rapaz do picolé vai passar tocando o sininho e papai não vai resistir a três criancinhas implorando por doce.  Mais tarde, vamos todos para a casa de vovó, juntos, no mesmo carro. Eu vou sentada na ponta, Vinícius no meio e Walesca na outra ponta.  Provavelmente, adormeceremos recostados uns nos outros.  E hoje, quando der saudade, não poderemos voltar no tempo.  É, primos, pelo visto, nós crescemos.